No dia 30/11, aconteceu uma assembleia extraordinária do Funpinus, que congrega dez empresas florestais, para apoiar o Projeto Cooperativo de Melhoramento de Pínus (PCMP), com o objetivo selecionar e desenvolver genótipos de Pinus spp. de alta produtividade para madeira e resina. Uma das pautas foi a apresentação, pela Embrapa Florestas, das ações de pesquisa realizadas em 2021 e as atividades previstas para 2022. Durante a reunião, foram detalhados os avanços e dificuldades do projeto, especialmente frente à pandemia, que em alguns momentos interrompeu ou atrasou trabalhos de campo e laboratório.

Para Erich Schaitza, chefe-geral da Embrapa Florestas, o Funpinus é uma resposta do setor privado e da Embrapa a uma das necessidades do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas, elaborado pelo MAPA e por atores da cadeia produtiva florestal. O Plano trata da necessidade de desenvolvimento de material genético superior para produção de madeira sólida, para processamento mecânico.

“Essa ação é importantíssima para dar base a toda uma indústria florestal e permitir que madeiras de plantios florestais ocupem um espaço de destaque na construção civil”, explica Schaitza. “O projeto também está totalmente ligado à questão de mudanças climáticas, pois ofertará uma grande gama de materiais que se desenvolverão em diferentes situações de clima e solo”, completa.

Segundo a pesquisadora Ananda Aguiar, da Embrapa Florestas, entre os principais resultados de 2021 estão os vários treinamentos realizados com as equipes técnicas das empresas, sobre seleção de árvores para madeira e resina, polinização controlada, coleta de pólen sementes, coleta de propágulos e enxertias. “Com estes eventos, os técnicos das empresas aprendem e auxiliam na execução das atividades de campo, necessárias ao desenvolvimento das pesquisas de melhoramento genético”, explica.

As ações de melhoramento genético realizadas pelo PCMP têm como objetivo selecionar indivíduos para produção de madeira e resina. Para isso, diversas atividades foram realizadas em 2021, como a polinização controlada interespecífica, com cerca de mais de 500 estróbilos polinizados. Essa atividade vai gerar sementes híbridas interespecíficas que serão usadas para produção de mudas e validação de híbridos em campo.

Além disso, outras espécies de pinus adaptadas às condições brasileiras estão sendo priorizadas no PCMP, com objetivo de diversificação dos povoamentos florestais frente as mudanças climáticas e outros fatores abióticos e bióticos, como Pinus patula e híbridos (P. elliottii x Pinus caribaea var. hondurensis), que estão sendo selecionados em povoamentos florestais. Esse material será utilizado para implantação de pomares de sementes clonais não testados nas áreas das empresas do Funpinus.

Já com o Pinus taeda, espécie tradicionalmente utilizada no País, foram instalados 13 testes de progênies nas áreas das empresas associadas ao Funpinus, o que vai proporcionar a validação de vários caracteres fenotípicos, principalmente os relacionados à qualidade da madeira e forma de fuste.

“Esses testes serão importantes para estimar vários parâmetros genéticos, principalmente o efeito da interação genótipo x ambiente, para diversos caracteres de produção e qualidade da madeira”, explica Ananda. Além dos testes de progênie, também foram estabelecidos pomares de sementes clonais não testados dessa espécie a partir de árvores selecionadas em povoamentos comerciais.

Outro trabalho realizado foi a caracterização de qualidade da madeira de 3.000 indivíduos de espécies de Pinus spp. e híbridos, em laboratório e campo. A Universidade Federal do Paraná apoia esta atividade desde 2017. Os resultados serão importantes para obtenção de árvores com boa qualidade da madeira, conforme a demanda específica de cada empresa do Funpinus.

A aplicação de ferramentas genômicas também é uma das atividades do projeto. Foi realizada a genotipagem de 191 indivíduos selecionados de P. taeda com mais 43 mil SNPs, um tipo de marcador molecular, com o objetivo de determinar o parentesco entre as árvores, monitorar a variabilidade genética e, futuramente, aplicar a seleção genômica ampla (SGA), visando a seleção genética precoce de árvores para madeira. “A SGA é uma ferramenta já conhecida na agricultura, mas ainda é pouco utilizada na área florestal”, explica Ananda. “No entanto, seu uso pode acelerar o ciclo de melhoramento, trazendo ganhos genéticos mais expressivos”, completa.

“Os desafios permanecem. Além das continuidades das atividades realizadas em 2021, para 2022 vamos organizar novas ações”, explica a pesquisadora. Entre as atividades previstas, estão o estabelecimento de pomares de sementes clonais não testados e testes de progênies de Pinus elliottii, Pinus caribaea e híbridos para resina. Além disso, serão aplicadas novas ferramentas para acelerar o processo de melhoramento genético para a produção resina. “Os treinamentos têm sido a base do sucesso das parcerias e terão continuidade”, finaliza Ananda.

Além das dez empresas e da Embrapa, signatários do Funpinus, uma série de outros parceiros contribuem no projeto, com destaque para a área de tecnologia da madeira da UFPR e para as associações de produtores florestais dos Estados do Paraná, a APRE, e de Santa Catarina, a ACR.

Texto e foto: Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
Embrapa Florestas

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