Por assessoria de comunicação ACR

Cerca de um ano atrás, a WestRock, uma das maiores fornecedoras globais de soluções em papel e embalagens, iniciou mais um processo pioneiro. A organização, que no Brasil opera com cinco fábricas e é proprietária de cerca de 54 mil hectares de florestas que abrangem municípios na região de Três Barras (Planalto Norte Catarinense) e também no Paraná, desenvolveu um trabalho para consolidar o manejo florestal dentro de uma área de Reserva Legal (RL). De acordo com a lei nº 12.651, de 12 de maio de 2012, todo imóvel rural deve manter em seu interior no mínimo 20% do território conservado com vegetação nativa.
Nas décadas de 60 e 70, muitas áreas da região Sul foram reflorestadas com araucárias, algumas como uma forma de compensação ambiental pelas empresas que atuavam na região. Boa parte desses terrenos em que as árvores de araucária estão plantadas foram averbados a título de Reserva Legal, para atendimento das exigências legais. Conhecedor do assunto, o professor Alexandre Siminski, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lembra que o caráter das áreas de RL foi sendo alterado ao longo do tempo. Pelo atual Código Florestal essas áreas têm diversas funções, entre elas assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural.
Por falta de mais clareza quanto à possibilidade do manejo de araucária plantada em RL, e até mesmo por uma questão de paradigma em relação à espécie, a maioria dos plantios de araucária na região sul não sofreu intervenções de manejo nos últimos 25 anos. Nas áreas de propriedade da WestRock isso só aconteceu em alguns momentos entre as décadas de 1970 e 1980. Como consequência, os plantios entraram em estágio de estagnação, as árvores cessaram o crescimento e o sub-bosque é pouco desenvolvido.
O corte indiscriminado de araucária ocorrido em toda a região no início do século XX, carregando a bandeira do progresso, quase extinguiu essa espécie. Por outro lado, o excesso de restrições ao uso com que vem sendo tratada atualmente, tornando-a intocável, não garantiu a conservação desejada.
Foi este cenário que levou a WestRock ao desenvolvimento de um plano de manejo sustentável inovador e pioneiro. Um processo amplo, com foco para a conservação da espécie por meio do seu uso adequado e enriquecimento do sub-bosque. Tudo isso sem desconsiderar o aspecto econômico, tendo em vista que a madeira é de alta qualidade, especialmente para construção civil.
O plano indicou os volumes de madeira potencial a serem colhidos em cada talhão e estabelecendo condicionantes ambientais. O início das atividades aconteceu mediante autorização da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma). A autorização para iniciar o manejo na primeira área foi emitida no final de agosto de 2016. A Fatma é o principal órgão de referência quanto ao cumprimento da legislação ambiental e práticas sustentáveis no Estado de Santa Catarina.

Fórum da araucária
Todo o processo tornou necessária uma discussão mais profunda sobre o tema, com decisões embasadas por experiências institucionais e dados científicos. A WestRock buscou especialistas no Brasil e, no mês de junho de 2016, promoveu o Fórum da Araucária. Foram reunidas, entre outras instituições: a Fundação do Meio Ambiente (FATMA), Ministério Público, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Florestas), Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Contestado (UnC), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ligado ao Ministério do Meio Ambiente, Instituto Federal (IFSC) e Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina.

Para o professor da UFSC a iniciativa é um importante passo para discussões mais amplas no Estado de Santa Catarina, em relação a temática da “conservação pelo uso” de espécies nativas da flora. “Diretrizes para a Política Florestal Catarinense do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) e as iniciativas do Comitê Estadual de Gestão Florestal (CGFlorestal) apontam que iniciativas como essa são fundamentais para o Estado de Santa Catarina. Adicionalmente, a realização do Fórum amplia a visibilidade da ação, permitindo maior transparência ao processo”, afirma o professor.
O Plano de Manejo Sustentável foi discutido na íntegra durante o fórum. A empresa criou um ambiente para que vários pontos de vista fossem apresentados. Além das discussões técnicas, aconteceu uma visita ao campo. “Com essas ações, foi possível apresentar aos envolvidos as metodologias que seriam aplicadas pelo nosso plano de manejo, de que forma seria feito o desbaste, como a madeira seria retirada, que ações de compensação seriam aplicadas e como o ecossistema reagiria”, explica Jacson Guimarães, gerente de Meio Ambiente WestRock no Brasil.
Seguindo o Plano de Manejo, entre outras condicionantes, o desbaste deveria ser feito preservando espécies remanescentes, tomando os devidos cuidados com a direção de queda das árvores. O monitoramento de fauna e flora, identificando e quantificando os animais e vegetais presentes na área, o mapeamento identificando espécies nativas, também entraram como condicionantes. Outro ponto de destaque foi a oportunidade da área de manejo servir como uma unidade de pesquisa, onde será feita coleta de dados e monitoramento.
Antes do início do desbaste, os exemplares de Dicksonia sellowiana (Xaxim) foram replantados dentro do próprio talhão, onde não seriam afetados pela rota de queda das árvores de araucária. “Ao longo de 33 hectares foram replantadas 789 árvores de xaxim. Outras espécies nativas, cujo porte inviabiliza o replantio, foram desviadas”, lembra o engenheiro florestal Rhafael de Oliveira. “Depois de garantida a preservação dessas espécies é que o desbaste iniciou”, completa.

O meio ambiente agradece
Algo comum nos plantios sem manejo é que quando as copas das árvores começam a se tocar o crescimento das árvores é interrompido. A disputa por luz, solo e ar é limitante ao desenvolvimento dos indivíduos, podendo inclusive levar à estagnação, ou até mesmo à retração. O manejo permite dinamizar o ambiente, criando espaço para que os indivíduos voltem a se desenvolver. Outro ponto importante é que, após as ações de manejo e enriquecimento, será possível avaliar a dinâmica que será estabelecida nesse novo ambiente, pois foram implantadas em parceria com a UFSC parcelas de pesquisa na área manejada. Segundo o Professor Siminski, esses dados são fundamentais para entender o processo que se estabelecerá na área, além de permitir o monitoramento e a avaliação de possíveis impactos das práticas adotadas, permitindo corrigi-las, caso necessário.
As árvores foram plantadas em linhas, com uma distância de 2,5 metros entre elas. Na área de manejo, a cada cinco linhas uma foi subtraída por inteiro, através de um desbaste sistemático. Nas demais linhas foram feitos desbastes seletivos, respeitando a distribuição diamétrica estabelecida na proposta do Plano de Manejo. O sistema para desbaste indicado foi de toras curtas, utilizando equipamentos de harvester e forwarder. O objetivo foi proteger as árvores que ficaram e garantir o mínimo de impacto no local. Foi possível direcionar a queda de cada árvore para a quinta linha, que já estava aberta. Depois de processadas, as toras são carregadas no forwarder, que baldeia a madeira para fora do talhão. Em seguida, a madeira é carregada em caminhões que realizam o transporte até as serrarias.
O plano de manejo da araucária foi embasado no tripé da sustentabilidade, sendo ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo. O que pode ser visto agora, caminhando em meio às araucárias remanescentes, é um novo ambiente, propício à renovação e ao enriquecimento da floresta. Observa-se presença de fauna e diversas plantas nativas que iniciam o processo de regeneração.

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